A Grande Semana

Celebrar a paixão e a morte de Jesus é abismar-se na contemplação de um Deus a quem o amor tornou frágil. Foi por amor que Ele veio ao nosso encontro, assumiu os nossos limites e fragilidades, experimentando a angústia e o pavor diante da morte. Atraiçoado, abandonado e incompreendido, continuou a amar. Desse amor resultou vida plena: esta é a mais espantosa história de amor que é possível contar.

Iniciamos a Grande Semana no Domingo de Ramos. “Hosana! Bendito o que vem em nome do Senhor!” Aqui celebramos a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, não como um rei conquistador, mas como um Messias que nos vem trazer a paz e a salvação. Que este início da Semana Santa nos comprometa com o projeto de Jesus para nós. Sejamos irmãos, sejamos filhos do mesmo Pai de nosso Senhor.
 
Caminhando um pouco mais, também somos convidados a refletir sobre as dores de Maria e das Marias. Sim! Maria, a Mãe de Jesus, mesmo na dor continua sendo a Mãe de tantas Marias. Ela é a Mãe daqueles e daquelas que sofrem, que choram, que se encontram no meio da escuridão. Maria está junto da cruz, sofrendo com o seu Filho. Nossa Senhora das Dores é a maternidade divina que se expressa na compaixão, no amor e na ternura.
 
Chegada a Quinta-feira, iniciamos o Tríduo Pascal. “Antes da festa da Páscoa, sabendo Jesus que chegara a sua hora de passar deste mundo para o Pai, tendo amado os Seus que estavam no mundo, amou-os até o fim (Jo 13, 1)”. A mensagem deste dia é muito clara. O amor não se mede pelas palavras, mas pelas obras. O amor é serviço, é doação, é humildade. O amor é estar disposto a lavar os pés uns dos outros, a sujar as mãos na vida dos outros, a comprometer-se com a felicidade dos outros. Na Última Ceia, a Instituição da Eucaristia nos recorda o bonito gesto do partir e partilhar: é precisamente a partilha que cria comunhão. Agora, de fato, realiza-se o que se lê no Salmo 22 (vv. 26-27): “Os pobres comerão”. O que recebem é mais do que um alimento terreno; recebem o verdadeiro maná, a comunhão com Deus em Cristo ressuscitado.
 
A Sexta-feira Santa é a memória mais dolorosa da nossa fé. É o dia em que Deus se mostra capaz de se envolver na tragédia da história e de a assumir até o fundo. Deus é aquele que, no centro da dor, permanece fiel. E, por isso, o centro da Sexta-feira Santa é a cruz. É a cruz que simboliza a dor do mundo e a dor de Deus, a dor que é assumida, que é carregada e que é transfigurada.
 
Sábado Santo da dor, da tristeza, do fracasso, mas também Sábado Santo da espera e da esperança. É o Sábado Santo que nos abre às surpresas de Deus. O sepulcro é uma manjedoura de vida nova. Tudo está grávido de ressurreição.
 
Chegamos ao ponto mais alto da vida litúrgica e espiritual. Cristo, a Vida, venceu a morte e ressuscitou e todos nós fomos redimidos e ganhamos a vida plena e feliz, para sempre! Onde a esperança está presente, a Páscoa acontece!

 

Carlos Eduardo Fernandes
Membro do CAP