Caros leitores, após quarenta dias depois da Páscoa, chegamos a essa solenidade da Ascenção do Senhor, que significa muito mais que última semana do tempo pascal, ou a elevação definitiva de Jesus para o céu, mas a sua plena glorificação e, consequentemente, a nossa vitória, como diz a oração da coleta: “a Ascenção do vosso Filho já é a nossa vitória.”
A ida de Jesus para junto do Pai significa, paradoxalmente, sua eterna presença entre nós, todos os dias. Toda vez que colocamos em prática seus ensinamentos, Ele se faz presente. Ele se faz presente quando celebramos a eucaristia; proclamamos sua Palavra; quando nos empenhamos nos trabalhos pastorais e na vivência da comunidade; solidarizamos com nossos irmãos e socorremos os necessitados. Assim sendo, celebrar a Ascenção do Senhor é celebrar o compromisso definitivo de colocar em prática seus ensinamentos, indo para a missão e fazendo discípulos dele todos os povos, como Ele havia recomendado, “Portanto, ide e fazei discípulos meus todos os povos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, e ensinando-os a observar tudo o que vos ordenei!”
Um dos modos de cumprir este mandato de Jesus é utilizando os meios de comunicação, uma vez que a presença da Igreja no ambiente da comunicação é expressão do seu desejo de fazer a Palavra de Deus se encarnar nas realidades humanas. Essa sua decisão é uma autêntica prova da sua fidelidade à missão deixada por Cristo. Desse modo, desde o Concílio Vaticano II (1962-1965), com o Decreto Inter Mirifica (Entre as maravilhas), nesta Solenidade da Ascenção do Senhor, a Igreja celebra o Dia Mundial das Comunicações Sociais, dedicado à instrução dos fiéis no que tange à reflexão, discussão, oração e aos deveres em relação às questões de comunicação. A partir de então, todos os anos, o Papa escreve uma mensagem para esta ocasião, e este ano o Papa Francisco propõe como tema “Inteligência artificial e sabedoria do coração: para uma comunicação plenamente humana”. De acordo com o Papa: Neste tempo que corre o risco de ser rico em técnica e pobre em humanidade, a nossa reflexão só pode partir do coração humano. Somente nos dotando dum olhar espiritual, apenas recuperando uma sabedoria do coração é que poderemos ler e interpretar a novidade do nosso tempo e descobrir o caminho para uma comunicação plenamente humana.
Enfim, que possamos, nesta Solenidade, cumprir o mandato do Senhor de testemunhá-lo com a nossa vida, mas também usufruindo das maravilhosas invenções,
porém nunca nos esquecendo de que cada coisa nas mãos do homem torna-se oportunidade ou perigo, segundo a orientação do coração.
Pe. João Paulo Gonçalves de Carvalho –
Assessor diocesano da Pascom e diretor da Rádio Diocesana 100,3 FM