São Franciso de Assis, irmão dos pequeninos!

No dia 4 de outubro, comemora-se o dia de São Francisco de Assis, o padroeiro da ecologia, protetor dos animais, um frade católico fundador da ordem franciscana, um jovenzinho italiano que encarnou, de modo único, o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo. Francisco não só leu como também viveu os santos evangelhos dia após dia, colocando os ensinamentos em prática em sua própria vida. Quem se lembraria hoje de um jovem de Assis, na Itália, chamado Francisco Bernadone, se ele não tivesse vivido o evangelho tão radical e profundamente?

Houve muitos papas, imperadores, ricos e famosos de seu tempo que pouco constam nos livros de história. Francisco vive na história! Ele exerce um fascínio que vai além da Igreja Católica. Morreu em 4 de outubro de 1226, aos 34 anos de idade. 2 anos após seu falecimento, foi canonizado pelo Papa Gregório IX. Para Francisco, a morte não parece um castigo, uma ferida que dói, um trauma. Ele a encarava de forma diferente e a chamava de "irmã", porque através dela ele seria introduzido na visão de Deus, para quem ele fora criado.

Ele era de família muito nobre, filho de um rico comerciante, Pedro Bernadone. Gostava de esbanjar seu dinheiro com ostentação e não tinha nenhum interesse pelos negócios do pai. Ao contrário do pai, que ganhava para acumular, Francisco ganhava para gastar e para repartir. Aprendeu com a mãe, Dona Pica Bernadone, a gentileza e a bondade de coração, o gosto pelas coisas belas, a paixão pela música, a poesia e a alegria de viver. Em 1202, quando ele tinha 20 anos (as cidades naquele tempo viviam em conflitos e guerras), Francisco foi participar da guerra. Foi feito prisioneiro e, após 1 ano, foi liberado.

Sua conversão se deu por meio de um leproso. Um dia andando a cavalo nos arredores de Assis, ele se deparou com o doente que o olhou assustado. O primeiro impulso de Francisco foi galopar para longe e fugir. Tinha nojo só de ver as pessoas deformadas pela lepra. Quis jogar-lhe moedas, como já havia feito antes, mas uma força misteriosa fê-lo descer do cavalo e ir ao encontro do leproso para abraçar e beijar na fronte da cabeça em sinal de amor e compaixão. Sentiu naquele enfermo a presença do próprio Jesus. Esse foi o momento especial da graça de Deus que revolucionou a sua vida e deu o empurrão decisivo rumo à vocação e à conversão do jovem de Assis. 

O gesto de Francisco o aproximou decisivamente do Cristo pobre e sofredor, presente no irmão leproso, que o ajudou a definir a sua verdadeira vocação. Deus se revelou através de alguém que, em princípio, não tinha nada para lhe oferecer.

O pai de Francisco, vendo-o viver em meio aos pobres e leprosos, alimentando-se só com o mínimo e necessário, mergulhando em jejum e penitência, sentia dó e uma vergonha muito grande de seu filho. O pai até achava que Francisco tinha perdido o juízo, e o povo também comentava que Francisco tinha enlouquecido.

Um dia seu pai, sem compaixão, arrastou-o para casa nos "tapas" e o trancafiou por muitos dias em um lugar escuro. Assim o pai pensava fazê-lo mudar de opinião. Puro engano, só aumentou sua fé e convicção. Pedro Bernadone, não aceitando a decisão do filho, resolveu exigir que ele devolvesse tudo quanto gastara com Francisco e assim o levou ao bispo para julgamento, após ouvir as queixas do pai. Francisco não só renunciou à sua herança paterna como também tirou até as suas vestes e as devolveu ao pai, juntamente com as últimas moedas. Todos estavam surpresos e espantados: pai, bispo, clero e o povo.  Nu, Francisco sentiu-se livre e disse este versículo: "Quem ama o seu pai ou sua mãe mais que a mim, não é digno de mim" (Mt. 19, 29), e continuou “Até agora chamei de pai a Pedro Bernadone, mas, como me propus servir a Deus, devolvo-lhe o dinheiro que tanto o tem irritado bem como todas as roupas que dele recebi, pois, de agora em diante, quero dizer: "Pai nosso que estais no céu!”

O bispo Guedo, mesmo não compreendendo tudo o que se passava,  admirou o fervor e a disposição de Francisco.  Reconheceu que nele estava agindo a graça de Deus e recobriu-o com um manto. Francisco saiu da cidade cantando, experimentou uma alegria inédita, diferente de tudo quanto havia antes degustado. Era a alegria de sentir-se um homem livre das amarras dos bens materiais, livre das competições e honras humanas, livre da escravidão do dinheiro, livre das falsas seguranças. Dali em diante, o tempo, os talentos, a liberdade, a vida,  ele os dedicaria a Deus e aos irmãos. Confiante na providência divina, Francisco foi uma pessoa que transmitiu alegria, paz e ternura. Sentindo-se livre dos laços familiares terrenos e materiais, Francisco podia respirar mais aliviado, sentia se como um pássaro livre da gaiola.


Segundo são Boaventura, ele procurou um lugar fora dos muros da cidade "onde pudesse ficar a sós, alegre e despreocupado". Ali na solidão e no silêncio, poderia ouvir melhor o que Deus havia reservado para ele. Cada dia Francisco dava novos grandes passos, buscando entender a vontade de Deus para sua vida. Será que nós estamos entendendo a vontade de Deus para nossas vidas?

Para refletir: "somente é feliz quem sabe enfrentar com paciência e amor as contrariedades da vida".

 

 

Roseane de Jesus Carneiro e família
Ministério Extraordinário da Sagrada Comunhão